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Carta 239Dezembro 2024

Comentário do gestor

Prezados Coinvestidores,

Após oito anos ininterruptos de valorizações em nossos fundos de ações (entre 2016 e 2023 – período em que o índice Ibovespa só teve queda de -11,93% em 2021) , 2024 foi um ano de desvalorizações para o Ibovespa e para nossos fundos de ações.

As empresas em que investimos estão com bons resultados, com bons fundamentos econômicos e boas perspectivas, mas o cenário macroeconômico brasileiro não está nada bom, especialmente pelas contas públicas do país.

Em dezembro de 2022, logo após as eleições, acabaram com o Teto de Gastos, aprovaram a chamada “PEC da Gastança” e o “Novo Arcabouço Fiscal”. A partir daí o Governo começou a gastar mais, mais até do que o aumento da arrecadação, e gerando déficits fiscais primários. Esse forte expansionismo fiscal ajudou no crescimento da economia, mas não é sustentável no longo prazo.

Com déficits fiscais primários, e um déficit nominal (após os juros da dívida) muito grande, a dívida pública vem crescendo muito, mais do que o crescimento da economia, e a credibilidade das contas públicas brasileiras, e da economia do país, está ameaçada.

No final de novembro, o tão anunciado e esperado Pacote de Corte de Gastos do Governo decepcionou muito o mercado, pois não trouxe corte efetivo de gastos – como vem fazendo o presidente Milei na Argentina – mas apenas um discreto controle e limite do aumento dos gastos futuros. Desta forma, o mercado entendeu que o Governo não está comprometido com a melhora das contas públicas e que falta vontade de trazer a trajetória da dívida para uma condição sustentável. A confiança nas contas públicas se deteriorou rapidamente.  

A partir daí, os juros futuros dispararam ainda mais, o Real perdeu mais valor perante o Dólar e os ativos brasileiros sofreram de forma mais aguda – tudo pelo ambiente macroeconômico do país.

No início de 2024, a taxa básica de juros esperada pelo Relatório Focus do Banco Central (expectativa dos agentes do mercado) para o fim de 2025 era de 8,5% e terminamos o ano com a expectativa para 2025 em 14,75%. Uma diferença muito grande em menos de um ano.

O Banco Central, que havia recuado a Taxa Selic de 13,75% para 10,50% (entre junho de 2023 e maio de 2024), precisou voltar a subir em setembro de 2024 e terminou o ano em 12,25%, já tendo sinalizado que irá até 14,25% em março de 2025.

Se, por um lado, o expansionismo fiscal do Governo está ajudando a economia, por outro, está gerando inflação e um descontrole nas contas públicas. O resultado, entre benefícios e malefícios, é negativo para o país e para todos nós, brasileiros.

A alta do dólar também é inflacionária, eis que até o pão de cada dia tem impacto do dólar, já que o trigo é negociado em dólar no mercado internacional.

No ano de 2024, o Real perdeu 27,34% de valor frente ao dólar, mesmo com o Banco Central Brasileiro tendo injetado um valor próximo a U$ 20 bilhões no mercado em dezembro, por meio de leilões à vista. No final de dezembro/24, as reservas em dólar do BC Brasileiro estavam em U$ 332 bilhões, 8,46% abaixo dos U$ 363 bilhões de novembro.

A alta do dólar fez com que a desvalorização do Ibovespa, em dólares, chegasse a -29,92% em 2024, ano em que o índice Merval da Argentina teve ganho de 114,91% em dólares, por todas as reformas que o Presidente Milei tem feito no país, e pelos sucessivos superávits gerados pelo seu Governo nestes primeiros meses.  

E a alta dos juros no mercado brasileiro, causada tanto pela inflação como pela desconfiança nas contas públicas e no Governo, que é o maior devedor do país, faz e fará com que as pessoas e as empresas também paguem juros mais elevados, afetando suas economias e seus resultados operacionais, tornando o ambiente econômico menos favorável ao consumo e investimentos.

Não é difícil de entender que o Governo precisa mostrar mais responsabilidade fiscal, mas parece, ao menos até agora, que está faltando vontade política de fazê-lo.

Por uma pesquisa Datafolha, para 61% dos brasileiros a economia está no rumo errado e o otimismo do brasileiro com o ano novo caiu ao menor patamar desde 2020, com expectativa de que a inflação vai subir ainda mais. 

Nós não controlamos os gastos do Governo, muito menos a vontade política dos governantes, mas acreditamos que essa situação não é sustentável economicamente por muito tempo e que tudo isso vá trazer alguma mudança, pelo amor ou pela dor.

Períodos como o que estamos passando na economia brasileira são os mais difíceis, do ponto de vista emocional, para investidores de longo prazo em ações.

Períodos de crises agudas como em 2008 (Lehmann Brothers e Subprime) ou em 2020 (Crise da Covid) são difíceis, mas passam mais rápido.

Já períodos como o atual nos fazem lembrar dos anos de 2013 a 2015, quando a economia brasileira ia mal de forma crônica, demorando a passar, até que, em 2016, veio o Teto de Gastos, reformas feitas pelo Governo Temer e a economia voltou a ter paz e a andar melhor.

Naquele período, entre 2013 e 2015, o Ibovespa desvalorizou -28,88% no acumulado dos três anos, mas nos três anos seguintes, entre 2016 e 2019 o Ibovespa valorizou 102,77%, período que os Fundos de Ações da Vokin valorizaram mais de 157%. 

Não sabemos o que vai acontecer nos próximos meses ou anos. Estamos num período de muitas incertezas e pessimismo. E são nesses períodos que os preços ficam mais deprimidos, trazendo um desconforto para todos nós, mas também grandes oportunidades.

Investir é um jogo de décadas, não de meses ou anos. E sabemos, também, que ações de empresas atuam como proteção contra inflação. São ativos reais, formados por investimentos reais e que não desaparecem nas crises.

O mais difícil é termos resiliência e paciência para passarmos por esses períodos difíceis.

Em 2024, o índice Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, desvalorizou -10,36%.

O índice Ibovespa, hoje, é formado por 84 das maiores empresas do Brasil. Se tirássemos os resultados de seis empresas (Embraer, Marfrig, BRF, JBS, WEG e Petrobras – todas beneficiadas pelo dólar mais alto) o Ibovespa teria se desvalorizado -20,26% no ano.

Dentre as empresas do Ibovespa que mais desvalorizaram podemos citar: Azul (-77,89%), Magazine Luiza (-69,72%), Cogna (-68,77%), Yduqs (-61,18%) e CVC (-60,57%). Cosan (uma importante e grande empresa do país, -56,37%).

E da carteira de nossos fundos, as empresas que mais desvalorizaram foram as duas maiores empresas de varejo alimentar do Brasil: Assaí (-58,39%) e Carrefour (-55,65%). Ambas impactadas pela alta dos juros, por estarem em período de desalavancagem e, também, pelo impacto que os juros mais altos podem trazer no consumo dos brasileiros.

Já o índice SMLL, de small caps (empresas de menor capitalização da B3), desvalorizou -25,03% em 2024. Dentre algumas empresas bem conhecidas podemos citar: Americanas (-93,19%), Gol (-85,51%), Lojas Marisa (-69,13%), Movida (-68,91%), Lojas Quero-Quero (-62%), Porto Belo (-50,94%), Panvel (-31,92%), Grendene (-25,97%), Randon (-19,97%).

O total de desvalorização das empresas da bolsa brasileira em 2024 foi de mais de R$ 2 trilhões de reais, ou seja, detentores de ações de empresas brasileiras viram R$ 2 trilhões a menos em suas posições no final de 2024.

Em 2024, os investidores estrangeiros retiraram (mais venderam do que compraram) R$ 32 bilhões da bolsa brasileira. Os investidores institucionais (fundos de pensão) retiraram outros R$ 37,5 bilhões, sendo R$ 8,9 bilhões em dezembro (fruto de vendas de R$ 142,8 bilhões e compras de R$ 133.9 bilhões).

Como contraponto, as próprias empresas brasileiras estão recomprando suas ações no ritmo mais rápido em quase duas décadas. As empresas listadas no Ibovespa anunciaram pelo menos 54 recompras de ações em 2024, quase o dobro do valor visto em cada um dos dois anos anteriores e o maior desde 2008, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Dados do Itaú BBA estimam que os programas de recompra pendentes, que incluem aqueles anunciados em anos anteriores, totalizam cerca de R$ 78 bilhões de reais. A falta de visibilidade macroeconômica em meio a altas taxas de juros adia projetos de investimentos de longo prazo e contribui para esse aumento de recompras. 

Peter Lynch certa vez disse: “Muitas pessoas, quando ficam negativas no mercado, colocam 50% em caixa, mas infelizmente, muitas vezes, quando você chega a essa posição é apenas quando o mercado está prestes a se recuperar.”

Nós não sabemos, e ninguém sabe, quando nem como o mercado vai se recuperar, nem como o mercado vai se comportar e nem o que vai mudar o humor do mercado. Pode levar tempo, ou pode ser mais rápido do que imaginamos.

O que sabemos é que os mercados oscilam e que, com o tempo, há uma correlação muito grande com o que acontece com os ganhos das empresas ao longo de vários anos e o que acontece com as suas ações.

Hoje, as três principais posições que temos em nossos fundos são beneficiadas por um dólar mais alto.

Suzano é nossa maior posição, sendo a empresa líder mundial absoluta na produção de celulose de baixo custo e com 90% da receita em dólares. Em 2024, a ação valorizou menos do que outras beneficiadas pela alta do dólar.

Brava Energia é nossa segunda maior posição, sendo produtora de petróleo e gás (também dolarizados) e tendo a empresa conseguido, na última semana de dezembro, as autorizações da ANP (Agência Nacional de Petróleo) para a volta da produção no campo de Papa Terra, para o início da produção do novo FPSO Atlanta e, também, concluído a aquisição de 23% no Parque das Conchas. Com todas essas operações, acreditamos que, já no primeiro semestre de 2025, a empresa esteja produzindo mais de 80.000 barris de petróleo por dia. No segundo semestre de 2024, a empresa sofreu com a parada de Papa Terra e com a demora na licença de operação de Atlanta.

Iochpe é nossa terceira maior posição, com 70% da receita fora do Brasil, sendo a maior produtora de rodas de aço do mundo, com 33 fábricas em 14 países.

Além destas posições, temos posições em mais 16 empresas, algumas também beneficiadas pelo dólar mais alto, mas algumas, também, sofrendo com juros mais altos.

Permanecemos com o mesmo processo, a mesma equipe e a mesma diligência que nos trouxe bons resultados em anos passados.

Esperamos que nosso trabalho, resiliência e paciência sejam recompensados, no seu tempo.

Desejamos um melhor mês de janeiro e ano de 2025 para todos nós, especialmente com saúde e paz.

E que, em qualquer circunstância, e mesmo em situações difíceis possamos conservar o ânimo tranquilo e a cabeça fria para tomar as melhores decisões, de forma mais racional e correta possível.

Obrigado por aguentarem esses períodos difíceis junto conosco.

Abraços a todos!

Economia

Muitas mudanças a frente.

Início de ano e nada mais natural do que analisar o cenário econômico interno e externo e os principais desafios pela frente. As maiores expectativas internacionais parecem recair sobre os famosos “100 primeiros dias” da nova administração presidencial nos EUA que, desde o resultado do pleito de novembro último, já sinaliza por mudanças profundas em diversas frentes. E, pela importância da economia americana na formatação do cenário mundial, espera-se que todas essas propostas causem impactos na movimentação de capitais e investimentos, cotação de moedas e taxas de juros, comércio de bens, diplomacia e geopolítica e até em preços de commodities. A direção parece bem clara: “os EUA em primeiro lugar, com um governo mais enxuto”. Quem ganha e quem perde com isso? Sabemos que a riqueza das nações é formada com instituições fortes, que garantem o cumprimento de contratos com regras estáveis e claras e que permitem previsibilidade. E, quanto mais comércio, melhor para todos. Nesse caso, quando um país adota uma política de proteção do mercado interno via aumento das barreiras tarifárias ou não tarifárias, ele estaria protegendo um segmento mais ineficiente, contribuindo para aumentar distorções e limitando os ganhos de comércio. E o novo Governo americano tem diversas cartas na mão para usar em negociações internacionais com enorme poder de barganha para ou limitar ou expandir o comércio. O resultado pode até parecer ambíguo, pois não sabemos qual será a reação dos demais países com uma investida tão agressiva no campo do comércio internacional. Porém, considere que qualquer empresa gostaria de fornecer para o amplo e rico mercado americano que, mesmo exigente, dá muita visibilidade para os negócios. Desse ponto de vista, quando vier a exigência para redução de tarifas de um parceiro comercial sob pena de se ter aumento das tarifas contra esse parceiro, pode ser que o custo pela redução seja menor que o da perda das vendas no mercado americano. Nesse sentido, a posição do novo Governo dos EUA pode até contribuir para ampliar o comércio mundial ao empurrar governos protecionistas para uma linha de mais abertura. E eu aposto muito nisso, em especial em mercados Asiáticos e Europeus, que vão acabar reduzindo suas tarifas para continuarem a usufruir do mercado americano. O caso do Brasil já fica mais complicado de avaliar devido à posição muito frágil do atual Governo no que diz respeito à diplomacia e um forte posicionamento protecionista. Portanto, de forma contrária ao que muitos argumentam sobre a atual visão de negociação do Governo dos EUA, eu acredito que o resultado possa ser positivo, em especial em um momento em que as lideranças de vários países com visão atrasada estão perdendo espaço para governos com uma política mais liberal na economia e eficiência na máquina pública. Nesse caso, uma coisa é ver o Governo de um país pequeno como a Argentina implementar um forte ajuste fiscal e políticas liberais e, outra, sem desmerecer os “Hermanos”, é isso acontecer na maior economia do mundo. O efeito demonstração será muito potente e as eleições presidenciais e parlamentares de 2025 no mundo vão incorporar isso na pauta de discussões dos políticos. Portanto, parece claro que uma nova onda na visão econômica está em curso, e não descarte que isso possa mudar a composição e a forma de enxergar o mundo em instituições como o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio, o FMI e vários outros think tank e ONGs de grande influência. E claro, a OTAN não estaria de fora dessas mudanças. Isso porque a Guerra na Ucrânia foi uma estratégia equivocada da Rússia que precipitou as discussões sobre segurança nacional e fez os países voltarem a investir pesadamente em armamento e rediscutirem a aliança. Ao entrarmos em um novo modelo geopolítico, países como Rússia, já bastante debilitada economicamente, Irã e Coreia do Norte serão os maiores prejudicados. Arrisco a colocar a Venezuela nesse grupo, a não ser que o Governo reconheça o resultado das urnas. Na verdade, estamos diante de uma investida por mais liberdade de opiniões, transparência e acesso à informação e tal contexto confronta a visão de controle social que esses países exercem. E, certamente, o Brasil será confrontado e forçado a escolher um lado, sabendo dos riscos diplomáticos e de relações comerciais e financeiras que isso pode acarretar. Veja que os temas em discussão no cenário internacional não diferem do que temos debatido por aqui: “comércio internacional”, “liberdade de expressão”, “Governo eficientes e enxutos”, “economia pró mercado”. Cabe a sociedade brasileira escolher participar desse novo ciclo ou ficar novamente de fora. O recente resultado da bolsa de valores, os juros em alta e o câmbio desvalorizado, bem como a revelação que mais de 60% dos brasileiros estão preocupados com o rumo da economia, número que, entre os jovens, chega a 71%, sinalizam que as atuais escolhas não são as corretas. Mas ainda dá tempo de mudar o rumo.

Estratégia Vokin GBV Aconcágua

Comentários dos Gestores

O mês de dezembro foi intenso nas negociações entre o Executivo e o Legislativo brasileiro para as aprovações do pacote de corte de gastos do Governo, da regulamentação de uma parte importante da reforma tributária e do orçamento do ano que vem. Como pano de fundo dessas negociações estavam as emendas parlamentares. As emendas de comissão e as emendas Pix tiveram decisão do ministro do STF, Flávio Dino, exigindo maior transparência e rastreabilidade dos recursos, o que desagradou parlamentares e dificultou a aprovação daquelas três medidas. O Governo, então, editou portarias e negociou a liberação de emendas destinadas à saúde para conseguir apoio e aprovar as medidas de cortes de gastos e a reforma tributária, porém não sem uma desidratação da primeira e uma ampliação de exceções na segunda. Após as duas aprovações, Dino suspendeu novamente o pagamento de emendas, o que deve dificultar ainda mais as negociações entre os poderes no ano que vem, após o recesso. A aprovação do orçamento de 2025 ainda está pendente e os deputados ameaçam votar uma PEC para transformar todas as emendas em individuais, tornando a execução de todas impositiva.

Segundo os cálculos do governo, as desidratações do pacote de corte de gastos diminuíram a economia de dois anos em R$2bi. Mas, segundo os cálculos do mercado, pode ser em até R$10bi. Houve mudanças no BPC, no Fundeb, no teto de remuneração do judiciário, entre outros. A maior incerteza quanto à saúde fiscal do país, agravada pelos conflitos com as emendas, fizeram o dólar subir e atingir R$6,27, levando o Banco Central a fazer a maior venda de reservas da história para segurar o preço do Real frente ao Dólar. Foram US$ 32,6 bilhões em vendas, sendo R$18,6 bilhões no mercado à vista e R$14 bilhões em leilões de linha. O BC também elevou a taxa de juros em 1% e sinalizou mais dois aumentos do mesmo montante em janeiro e março, o que levará a Selic a, pelo menos, 14,25%. Entretanto, as duas medidas não foram suficientes para impedir que os juros projetados para o ano de 2025 subissem até 16% no pior momento e o dólar permanecesse próximo dos R$6,20. O foco, no fim das contas, é no fiscal, na credibilidade do arcabouço e na trajetória do endividamento público.

No cenário externo, o BC americano baixou os juros, mas sinalizou que a inflação ainda não está controlada e que cogita manutenção dos juros a partir de agora, o que prejudicou o Real. A China anunciou que adotará uma política monetária mais flexível, prometeu o lançamento de medidas para estabilizar os mercados de ações e de imóveis do país e sinalizou novos estímulos fiscais com aumento no déficit de 2025.

O Vokin GBV Aconcágua e o Vokin GBV Aconcágua 30 fecharam com resultado de -3,77% no mês, enquanto o Ibovespa fechou com -4,28%. No ano, o Vokin GBV Aconcágua caiu 21,68%, o Vokin GBV Aconcágua 30 caiu 21,87% e o Ibovespa caiu 10,36%.

Em dezembro, aumentamos nossa posição em Sabesp, uma das maiores empresas de saneamento do mundo em receita líquida, população atendida e valor de mercado, que presta serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto no estado de São Paulo. Sozinha, a Sabesp realiza 30% dos investimentos em saneamento do Brasil. Na região de atuação, a empresa cobre 98% da população com água e 93% com esgoto, sendo que 85% do esgoto coletado é tratado. O setor de saneamento no Brasil é um monopólio natural regulado pela ANA (Agência Nacional de Águas) e conta com agências reguladoras estaduais responsáveis pelos ciclos de revisão tarifária, que, no caso da Sabesp, será anual até 2034 e todo ganho de eficiência de custos até 2029 ficará com a companhia. Para conter o aumento tarifário dos primeiros anos, foi criado o FAUSP, visando subsidiar uma parcela do índice de reajuste. Nos últimos anos, o setor passou por mudanças profundas com a aprovação do Marco do Saneamento, que definiu as metas de universalização de água e esgoto até 2033 e conferiu segurança jurídica para mais privatizações e concessões privadas no país. Em meio a esse cenário, a Fazenda de São Paulo reduziu sua participação de 50,2% para 18% na Sabesp, levantando R$ 14,7bi. A Equatorial, selecionada como investidora de referência na privatização da companhia, terá 15%, enquanto o restante foi ofertado para investidores em geral. Para viabilizar a oferta, a Equatorial se comprometeu em antecipar a universalização da Sabesp para 2029, com investimentos previstos em R$ 68bi no período. Enxergamos diversas medidas que podem resultar em uma maior eficiência operacional nos próximos anos. Em energia, a empresa almeja, de 2027 em diante, suprir 62% de seu consumo através de um projeto de autoprodução com energia solar, além de reduzir sua exposição ao mercado regulado. Em pessoal, a Sabesp está com um novo PDV (Programa de Desligamento Voluntário) em aberto, que deverá contribuir com a redução da despesa por funcionário nos próximos anos. Também esperamos que a empresa seja capaz de otimizar o consumo de materiais, consiga manter a inadimplência em níveis baixos e reduza o prazo de contratação do capex. Esses fatores, somados com a remuneração dos investimentos através da tarifa, podem levar a margem EBITDA da Sabesp para 67% até 2029.

Vokin K2 Long Biased FIA

Comentários dos Gestores

A Suzano revisou suas estimativas de CAPEX para o exercício social de 2024, passando de R$ 16,5 bilhões para R$ 17,1 bilhões e, ainda, anunciou sua estimativa para o CAPEX de 2025 no valor de R$ 12,4 bilhões. A companhia também atualizou sua estimativa de desembolso total operacional para R$ 1,9 mil por tonelada em 2027, sendo considerados na composição da estimativa o custo de caixa de produção de celulose, custos e despesas logísticas, e investimentos de manutenção.

A Brava assinou um contrato de exclusividade com a Azevedo e Travassos S.A. e a Petro-Victory Energy Corp. para a potencial venda de concessões de óleo e gás no Rio Grande do Norte. O perímetro da possível transação compreende 11 concessões de óleo e gás localizados na Bacia Potiguar, as quais registraram a produção de, em média, 250 barris de óleo diariamente entre janeiro e novembro de 2024. Em outro comunicado, a empresa informou que assinou contrato junto à PetroReconcavo, com o objetivo de definir os princípios contratuais para parceria envolvendo a venda de 50% da infraestrutura de escoamento e processamento de gás natural na Bacia Potiguar, e compromissos de suprimento de gás entre as empresas. O valor previsto para a transação é de US$ 65 milhões e o perímetro do acordo contempla as UPGNs II e III e as esferas de GLP. A empresa também comunicou que assinou dois contratos de três anos de fornecimento de gás, que se iniciam em janeiro de 2025. O primeiro, junto à Comgás, distribuidora de gás de São Paulo, prevê o fornecimento de volumes entre 150 mil e 450 mil m³/dia de gás natural. Já o segundo, junto à Cerâmica Serra Azul, indústria localizada em Sergipe, prevê o fornecimento de volumes de 77 mil m³/dia. A Brava também foi notificada pela Petrobras sobre a decisão de rescindir o contrato para a cessão da totalidade de sua participação nos campos de Uruguá e Tambaú para a companhia. Por fim, a empresa informou que recebeu autorização da ANP para a retomada da produção no campo de Papa-Terra, cujas operações já se iniciaram, e para o início das operações no FPSO Atlanta, com o início das operações previsto para o começo de 2025.

O Carrefour informou que foram assinados acordos para alienação de 8 lojas da bandeira Nacional localizadas em Curitiba. As transações fazem parte da estratégia do grupo de desinvestir todas as lojas na bandeira Nacional e Bom Preço, que representaram apenas 1,3% das vendas brutas totais do grupo nos 12 meses anteriores a outubro de 2024. A empresa também anunciou que concluiu a transação de sale and leaseback de 15 imóveis de propriedade da companhia, com o Fundo de Investimento Imobiliário Guardian Real Estate (GARE11), pelo montante de R$ 725 milhões.

O Assaí celebrou a abertura de sua 300ª loja no Brasil, localizada em São Paulo. O Assaí inaugurou 15 lojas no ano de 2024 e projeta a abertura de mais 10 em 2025, com um investimento total estimado entre R$ 1,0 a R$ 1,2 bilhão, projetando, também, que a relação dívida líquida/EBITDA deve ficar em 2,6x ao final de 2025. Além disso, a companhia decidiu realizar a deslistagem voluntária dos ADSs da bolsa de valores de Nova Iorque, pois considera que a manutenção de uma listagem secundária não é benéfica, visto que 87% das negociações de suas ações ordinárias estão concentradas no Novo Mercado.

A Pague Menos realizará pagamento de juros sobre capital próprio, no valor líquido de R$ 124,1 milhões, correspondendo ao valor líquido de R$ 0,21 por ação. Serão beneficiados os acionistas na base acionária da companhia em 20 de janeiro de 2025, com o pagamento sendo realizado em 27 de fevereiro de 2025. A empresa também comunicou o aumento de capital privado, com um montante que ficará entre R$ 108,49 milhões e R$ 124,1 milhões, sendo emitidas, no mínimo, 35,8 milhões de ações e, no máximo, 40,9 milhões de ações ordinárias, ao preço de emissão de R$ 3,03. Os acionistas poderão subscrever ações na proporção de 0,07 nova ação para cada 1 ação que possuir no fechamento do pregão de 20 de janeiro de 2025. Ainda, a empresa informou que projeta a abertura de pelo menos 50 novas lojas no ano de 2025.

O Bradesco anunciou pagamento de juros sobre capital próprio complementares, no valor total de R$ 2,9 bilhões, onde serão beneficiados os acionistas inscritos nos registros da Sociedade em 30 de dezembro de 2024. O pagamento ocorrerá em 31 de julho de 2025, pelo valor líquido de R$ 0,22 por ação ordinária e R$ 0,24 por ação preferencial.

A Minerva comunicou que o Ministerio de Economía e Finanzas do Uruguai manteve sua decisão da não aprovação da aquisição de três estabelecimentos industriais no país, de propriedade da Marfrig. A companhia informa que está analisando os termos da decisão, assim como avaliando as possíveis medidas e ações legais a serem adotadas, inclusive a reapresentação do caso.

A Iguatemi anunciou a venda de uma fração do terreno do Shopping Market Place para a JFL living, com o objetivo de desenvolver uma torre residencial para renda, gerando um valor líquido de R$ 34,1 milhões para a companhia.

Vokin Everest FIC FIM

Comentários dos Gestores

Em dezembro, o Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, anunciou o terceiro corte na taxa básica de juros do país em 0,25 ponto percentual, agora na faixa entre 4,25% e 4,50%. Junto com o anúncio da nova taxa, foi atualizada a perspectiva dos membros do Comitê para mais dois cortes de 0,25 p.p. ante uma perspectiva anterior de quatro cortes da mesma magnitude em função da piora nas projeções de inflação, mercado de trabalho aquecido e níveis de atividade ainda positivos. As sinalizações após a divulgação vieram em um sentido bem mais restritivo, inclusive um dos membros votou contra a decisão de corte já nesta última reunião, e levaram a uma alta importante do título de dez anos, que chegou a superar os 4,60%, patamar que não era atingido desde o final de maio deste ano, além do fortalecimento do dólar frente a uma cesta de moedas globais e quedas nos índices de ações no país. A perspectiva, agora, é de que um eventual novo corte seja feito apenas na reunião de março.

Já no Brasil, com a contínua preocupação com relação à situação fiscal do país, e sem indicações de que haverá algum movimento mais contundente por parte do Governo no sentido de redução de gastos, permaneceu a deterioração na perspectiva de inflação e que levou o Banco Central (BC) a aumentar em 1,00 p.p. a taxa Selic de forma unânime pelos diretores do BC, agora em 12,25% ao ano, e com a sinalização de aumentos da mesma magnitude nas próximas duas reuniões. A reunião foi a última comandada por Roberto Campos Neto, que deixou o cargo para a entrada de Gabriel Galípolo, indicado por Lula para ser o presidente do BC entre 2025 e 2028. Os ativos domésticos tiveram mais um mês de aversão ao risco com queda na bolsa, abertura das curvas de juros e valorização do dólar frente ao real, o que, inclusive, levou o BC a intensificar a venda das reservas de dólares do país para conter a desvalorização da moeda, com vendas de aproximadamente US$ 32,5 bilhões em dezembro, incluindo o maior leilão de dólar à vista desde o início do câmbio flutuante em 1999.

Os principais ativos do país tiveram desempenho negativo tanto no mês, quanto no ano: o Ibovespa apresentou queda de -4,28% no mês e acumulou queda de -10,36% no ano; ocorreu valorização de +3,53% do dólar frente ao real no mês e valorização expressiva de 27,45% no ano, atingindo a sua maior cotação nominal e superado a marca dos R$ 6,00; e a curva de juros reais novamente teve movimento de abertura, representando queda de -2,62% no mês e encerrando o ano com queda de -2,44%. Apesar do país estar apresentando bons níveis de crescimento e com o mercado de trabalho aquecido, permanece a avaliação de que boa parte desses indicadores estão baseados em estímulos do Governo e que não são sustentáveis dada a atual trajetória da dívida pública, o que tem desencadeado essa crise de confiança.

O fundo Everest encerrou o mês com rentabilidade de +0,41%, ante +0,93% do CDI, acumulando, no ano, alta de +6,13% ante +10,87% do CDI. Apesar de alguns fundos multimercados terem encerrado o mês e o ano com um bom desempenho acima do CDI, a classe em geral ficou com desempenho abaixo do CDI, sendo que ainda contribuíram negativamente para o resultado do Everest as posições em juros reais e os fundos com exposições direcionais em renda variável no Brasil. Destaques positivos no mês para os multimercados Itaú Optimus (+2,99%), SPX Nimitz (+2,29%) e Verde (+2,14%). Os piores desempenhos vieram da posição direcional em juros reais (-3,80%), do fundo de ações long only GBV Aconcágua (-3,76%) e do multimercado macro Kapitalo Zeta (-1,12%). No mês foi feita uma redução parcial no fundo Clave Alpha Macro em função do desempenho aquém do esperado.

Agradecemos a todos pela confiança e desejamos um excelente 2025.

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