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Carta 215Dezembro 2022

Comentário do gestor

Prezados Coinvestidores,

Apesar do resultado negativo de dezembro, fechamos 2022 com rentabilidade positiva em nossos Fundos de Ações.

Foi o sétimo ano consecutivo de rentabilidade positiva.

Recapitulando os números dos últimos 7 anos: Em 2016, tivemos +59,48% e +72,21% nos Fundos Vokin GBV Aconcágua e Vokin K2, respectivamente, ano em que o Ibovespa teve +38,94%. Em 2017, tivemos +54,99% e + 55,97%, contra + 26,86% do Ibovespa. Em 2018, ano eleitoral, tivemos +4,17% e +0,25%, contra +15,03% do Ibovespa. Em 2019, tivemos +54,09% e +47,30%, contra +31,58% do Ibovespa. Em 2020, tivemos +16,96% e +8,55%, contra +2,92% do Ibovespa. Em 2021, tivemos +4,97% e +7,00%, contra -11,93% do Ibovespa. E, em 2022, terminamos com +0,15% e +1,41%, contra +4,69% do Ibovespa.

Destes últimos anos, somente em dois tivemos rentabilidades abaixo do Ibovespa e, justamente, nos anos eleitorais de 2018 e 2022.

Nos outros anos, tivemos rentabilidades superiores às do Ibovespa, em alguns com boa margem.

Nosso último ano de rentabilidade negativa foi em 2015 e o último ano do Ibovespa com rentabilidade negativa foi 2021, quando perdeu -11,93%.

Em todo esse período, de 2016 até 2022, acumulamos rentabilidades de +387,84% e +367,17% nos Fundos Vokin GBV Aconcágua e Vokin K2, enquanto o Ibovespa acumulou rentabilidade de +153,15% no período.

Globalmente, o ano de 2022 ficou marcado pelo início da Guerra na Ucrânia – a primeira guerra em território europeu desde o final da 2ª. Guerra Mundial, há mais de 75 anos.

Em fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia e isto causou um forte aumento nos preços do petróleo e derivados, na medida em que a Rússia é um dos maiores fornecedores de petróleo e gás do mundo. Este aumento dos combustíveis levou a uma alta mais forte na inflação global, sendo que esta já vinha alta por conta da quebra na cadeia de suprimentos ocasionada pela pandemia do Coronavírus.

Com a maior inflação dos últimos 40 anos nos Estados Unidos e na Europa, os bancos centrais americano e europeu foram forçados a subir juros. O Banco Central Americano subiu os juros de um intervalo de 0,25% a 0,50% para um intervalo de 4,25% a 4,50% e as bolsas americanas tiveram, assim, o pior ano desde 2008 – ano da crise do subprime e quebra do Banco Lehmann Brothers.

A Nasdaq, bolsa eletrônica dos EUA, teve queda de -33,10% em 2022, o índice S&P 500, das 500 maiores empresas americanas, teve queda de -19,44% e o Dow Jones Industrial teve queda de -8,78% no ano.

No Brasil, os juros subiram de 2%, em março de 2021, para 9,25% em dezembro de 2021 e para 13,75% ao longo de 2022.

O Ibovespa, principal índice de ações brasileiras, teve alta de +4,69% em 2022, especialmente por conta das altas das ações da Vale e da Petrobras, empresas beneficiadas pelo aumento dos preços das commodities minério de ferro e petróleo. O índice SMLL, índice das 92 empresas de menor capitalização da Bovespa, à título de comparação, teve queda de -15,05% no ano.

Mesmo com essa alta de +4,69%, o Ibovespa terminou o ano nos 109.735 pontos, abaixo dos 115.645 pontos do final de 2019, abaixo dos 119.017 pontos do final de 2020 e bem abaixo do pico histórico de 130.776 pontos, de 07 de junho de 2021, ou seja, as maiores empresas brasileiras têm valor de mercado, hoje, menor do que há 3 anos, mesmo com a inflação e melhores resultados do período.

O mercado financeiro sempre antecipa o que está para acontecer na economia, e o que já está preocupando o mercado são as expectativas sobre a economia sob a condução do novo governo.

Em 2016, durante o mandato do governo Michel Temer, pós impeachment de Dilma Rouseff, foi aprovada a Emenda Constitucional do Teto de Gastos, com o objetivo de limitar o crescimento das despesas do governo brasileiro durante 20 anos e, assim, equilibrar as contas públicas e evitar o crescimento maior da dívida pública brasileira.

Entendemos que essa foi a principal lei aprovada pelo Congresso Brasileiro nos últimos anos, no sentido de limitar o crescimento do gasto público e trazer responsabilidade fiscal para o governo.

Nenhuma pessoa, nenhuma família e nenhuma empresa vai bem se gastar mais do que ganha. Isso é básico! E o mesmo conceito serve para o governo.

Nos últimos muitos anos, antes de 2016, o governo brasileiro vinha sempre aumentando a despesa sem cuidar do equilíbrio fiscal (equilíbrio entre receitas e despesas públicas).

Durante os quatro anos de Bolsonaro, entre 2019 e 2022, Paulo Guedes esteve à frente do Ministério da Economia. Como economista com mestrado e doutorado pela Universidade de Chicago, Paulo Guedes foi firme no controle fiscal, lutou por um Banco Central independente e pelo equilíbrio fiscal. Era o homem que dizia não às tentativas sempre presentes de políticos de querer gastar mais. E, mesmo assim, em algumas vezes, não conseguiu segurar tudo o que gostaria.

Margaret Thatcher, primeira-ministra do Reino Unido entre 1979 e 1990, a chamada “Dama de Ferro”, que colocou a economia do Reino Unido nos trilhos, dizia: “Não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos.”

Para a grande maioria dos políticos, entretanto, quanto mais dinheiro para gastar, melhor, afinal é muito mais fácil fazer um bom governo gastando mais do que economizando, mas isto não é sustentável, ainda mais em um país como o Brasil, onde a carga tributária já é de 34% do PIB, 10 pontos percentuais acima da média dos países da América Latina, e a dívida pública está em 75% do PIB e pagando juros altos pelo histórico de descontrole.

Estávamos em um bom caminho. Em 2022, o governo central deve ter entregue um superávit fiscal estimado em R$ 23 bilhões, o primeiro superávit após 8 anos de déficits. O desemprego caiu de 16% para 8,3% e a dívida pública se manteve estável nos últimos anos, mesmo com os gastos extraordinários da Pandemia.

Mas a formação do novo governo preocupa e o mercado não gostou nada da chamada PEC da Gastança, que foi aprovada pelo Congresso com urgência em dezembro, a pedido do novo governo, ampliando o Teto de gastos em R$ 145 bilhões no próximo ano. E, ainda, autorizando R$ 23 bilhões em investimentos fora da regra fiscal.

A escolha do novo Ministro da Economia também não foi técnica, mas política. Nomes como o de Henrique Meirelles, Pérsio Arida ou André Lara Resende, que haviam sido aventados, foram descartados. E Haddad foi o escolhido.

E, no discurso de posse, no último domingo, Lula chegou ao ponto de dizer que o Teto de Gastos foi uma estupidez, e que haverão de revogar.

Haddad está com a obrigação de apresentar, no primeiro semestre de 2023, um novo arcabouço fiscal, em substituição ao Teto de Gastos, e que demonstre controle e equilíbrio fiscal.

Haddad, como possível candidato a sucessor de Lula, deverá tentar fazer um bom trabalho, mas isso não será possível se ele ignorar o mercado financeiro. O maior tomador de crédito é o governo. Se o governo não for percebido como um bom devedor – como um devedor responsável – os juros vão aumentar e isso será prejudicial para o próprio governo. Ignorar isto será fatal para governo e para a economia brasileira. Toda economia e toda a população sofrem com juros mais altos.

Novembro e dezembro de 2022 foram meses bem negativos para o mercado financeiro brasileiro. As taxas de juros de longo prazo abriram e a bolsa caiu no período de transição de governo.

E como estamos ajustando as velas no meio desta tempestade?

Estamos com mais caixa (rendendo CDI) em nossos Fundos de ações. Estamos com posições em ações de empresas que poderão se beneficiar de um dólar mais alto e, também, em algumas empresas defensivas e que pagam bons dividendos.

Não controlamos – e ninguém controla – os preços das ações. Em momentos de incertezas e aversão ao risco, e de juros altos, as ações tendem a ficar mais descontadas. Às vezes estão baratas e ficam mais baratas.

Por isto é que sempre investimos em ações pensando no longo prazo, como se não houvesse mercado diário porque, muitas vezes, os ruídos das oscilações diárias e mensais de preços mais prejudicam do que ajudam os investidores em suas decisões de alocações de recursos.

As oscilações – única certeza que temos no mercado de ações – atrapalham as decisões de muito investidores porque mexem no aspecto emocional, ainda mais em momentos de quedas de preços e incertezas. Mas ser racional e controlar as emoções são características de um investidor inteligente, segundo Benjamin Graham. Ele dizia que essa inteligência depende mais de caráter do que de cérebro.

Com uma baixa expectativa, estamos buscando nos preparar para dias difíceis, mas esperamos que possamos ser surpreendidos com notícias positivas, seja na mudança na postura e mensagem do novo governo, seja pela melhora do apelo do Brasil para os investidores estrangeiros, seja pelos bons resultados das empresas.

Seguimos trabalhando sempre pensando em fazer o melhor na alocação dos Fundos. Estamos totalmente alinhados, comprometidos e com a pele no jogo (skin in the game), juntamente com nossos coinvestidores.

Desejamos um ótimo ano de 2023 para todos. Muito obrigado, mais uma vez, por investirem junto conosco!

Economia

Boa Sorte

O descontrole fiscal que tem sido desenhado a partir das afirmações do Governo tem importantes implicações nas nossas vidas, independente da atividade em que você atua. O primeiro ponto seria o sepultamento do Plano Real antes mesmo dele completar seus 30 anos, em 2024. Quando nasceu, o foco era debelar o constante fantasma da inflação. E, mesmo que o diagnóstico estivesse correto, com o descontrole fiscal e a elevada indexação da economia em um ambiente onde o mercado não funcionava para fazer valer a livre negociação, o remédio paliativo conseguiu derrubar as variações de preços. Nos ancoramos em uma taxa de câmbio fixa durante quase cinco anos. Mas esse modelo, também usado, à época, por países Asiáticos e a Argentina, ruiu. Então, migramos para uma taxa de câmbio flutuante, com o Banco Central fazendo intervenções. Mas, com reservas cambiais baixas, era necessário manter juros elevados. Ali já estava claro que o Plano Real precisava de um ajuste para seguir adiante, e esse veio com a introdução do Regime de Metas de Inflação, em junho de 1999. Mas o sistema, sozinho, não iria conseguir conferir estabilidade de preços por um horizonte longo de tempo e, finalmente, resolvemos atacar um dos grandes problemas históricos no Brasil implementando a LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal, em maio de 2000. Com o controle de gastos garantido por lei, investidores teriam mais confiança no Setor Público e diversos benefícios econômicos e financeiros foram conquistados nos anos seguintes: i) alongamento do prazo de vencimento da dívida com a colocação de títulos de vencimentos mais longos; ii) redução da dívida interna; iii) credibilidade com investidores permitindo que fossem colocados títulos de dívida externa em reais; iv) mais liquidez nos mercados de juros; iv) impacto direto sobre a reestruturação de dívida das empresas e fontes de financiamento; v) previsibilidade. Os anos que se seguiram coroaram a decisão de colocar um freio ao gasto desenfreado e o Brasil teve crescimento econômico combinado com inflação relativamente baixa e formação de um enorme colchão de liquidez em dólar com as reservas cambiais. O reconhecimento final veio com o famoso “grau de investimento” em 2008. O selo que faltava para mostrar ao mundo que o Brasil tinha uma política econômica séria. Sim, isso tudo aconteceu entre 2001-2014. Mas, daí, achamos que o jogo “estava ganho” e o Governo começou a acumular trapalhadas econômicas em sequência: i) subsídios cruzados; ii) uso de bancos públicos para alavancar o crédito; iii) aumento de gastos; iv) medidas microeconômicas equivocadas desajustando investimento, produção setorial e preços e ideias mirabolantes como a “nova matriz econômica”. Perdemos o grau de investimento em 2015 e, rapidamente, mergulhamos em uma forte recessão. O suspiro de 2016-2022 veio com a tentativa de salvar o Plano Real adotando o teto dos gastos, uma medida mais restritiva ainda que a LRF. Privatizações, controle dos gastos, eliminação de subsídios cruzados e redução do tamanho do Estado no mercado de crédito. O Banco Central independente foi o ponto importante que estava faltando nessa engrenagem. Assim, com âncora fiscal e retomada da credibilidade, o Plano Real ganharia mais anos de vida. A chegada da pandemia e as consequentes tentativas de “romper o teto” foram um sinal ruim. Mas, sobrevivemos. Tanto que o ano de 2022 deve se encerrar com o primeiro superávit fiscal em oito anos. Mas, agora, está na mesa simplesmente acabar com o teto fiscal. O discurso é que não precisamos controlar o gasto público e que basta o governo gastar para tudo se arrumar. Os pobres deixarão de ser pobres; a economia vai crescer e seremos mais felizes. Simples assim! Mas fica a pergunta: por que ninguém pensou nisso antes? Podemos acabar com a pobreza do mundo simplesmente com o Estado gastando mais? Sabe o que isso significa? “Tchau Plano Real, foi bom conhecê-lo e conviver contigo enquanto esteve com a gente”. Não haverá âncora fiscal e o Governo terá que recorrer a juros ou câmbio para segurar os preços. A economia ainda é indexada em um lugar que é difícil de retirar, a cabeça dos políticos. E ainda existe o flerte com o “populismo”. É claro que tudo isso não vai acontecer hoje, nem em 6 meses. Será um processo de perdas contínuas em um cozimento lento e gradual. Isso é economia, mas caso não queira acreditar, também está na nossa história. Parafraseando um ex-Ministro da Fazenda: “Boa sorte”.

Vokin GBV Aconcágua FIC FIA

Comentários dos Gestores

O Ibovespa fechou em queda pelo segundo mês consecutivo. Dezembro foi marcado, novamente, pela discussão da PEC proposta pelo governo de transição de Lula para ampliar o teto de gastos. A aprovação da emenda constitucional se deu nos últimos dias da agenda legislativa para o ano de 2022, já que a votação da constitucionalidade do orçamento secreto pelo STF era determinante para essa negociação. Os deputados e senadores queriam manter as chamadas RP9, que lhes davam maiores verbas para distribuição a projetos de seus interesses nas suas bases eleitorais e era ainda mais importante para Arthur Lira, presidente da Câmara, que comandava a distribuição desses recursos e ganhava poder de negociação para as diversas pautas discutidas nessa casa legislativa. Ele não pretendia votar a PEC antes da definição do STF, colocando pressão sobre o PT e fazendo a busca de alternativas ser uma meta dos políticos de diversos partidos. Nada adiantou, pois a Corte declarou a prática inconstitucional no dia 19/12. Para aprovar a PEC, se desenhou uma ampliação das emendas individuais com metade dos recursos provenientes do fim do orçamento secreto e se negociou a redução da ampliação do teto de gastos de dois para um ano. Os valores foram os mesmos aprovados no Senado: 145 bilhões de reais de ampliação do teto e 23 bilhões de investimentos fora do teto de gastos. O resultado foi uma vitória para o futuro governo que, além de ampliar o nível de gastos, que era seu intuito, diminuiu sua dependência dos futuros presidentes da Câmara e Senado, já que a negociação poderá se dar diretamente com os partidos. Lula definiu, no final do mês, seus Ministérios, ampliando o número de ministros de 23 para 37 e cedendo cargos no primeiro escalão para partidos com os quais passou a negociar, como PSD, MDB e União Brasil. Após a conclusão da negociação da PEC, o governo conseguiu aprovar o novo orçamento para 2023, com ampliação do déficit de R$63 bilhões para R$231 bilhões. O mercado não recebeu bem as sinalizações do novo governo.

No mercado externo, tivemos a definição de juros nos EUA, que foi elevado em 0,5% pelo FED, o que representou uma diminuição no ritmo de aperto monetário, que vinha sendo elevado em doses de 0,75% nas últimas reuniões. A taxa está hoje na faixa entre 4,25% e 4,50% e as estimativas do mercado apontam para um encerramento do ciclo de alta de juros em 2023 em patamar próximo a 5,25%. Na China, houve mais flexibilização na política de Covid zero e mais estímulos ao mercado imobiliário, o que impulsionou novamente as ações da Vale, que subiu quase 4% no mês. Analisamos a empresa há alguns anos e consideramos que, nesse patamar de preços, o seu upside é pequeno.

No mês, o Vokin GBV Aconcágua fechou com resultado de -5,05%, enquanto o Ibovespa fechou com -2,45%. No ano, o Vokin GBV Aconcágua fechou com resultado de +0,15%, enquanto o Ibovespa fechou com +4,69%.

Aproveitamos as quedas recentes e montamos uma posição em Bradesco. O banco é um dos maiores grupos financeiros da América Latina, tendo um balanço de R$ 1,9 trilhão de ativos totais (R$ 879 bilhões em carteira de crédito), com 77 milhões de clientes, sendo 38 milhões correntistas e mais de 8 mil agências/ pontos de atendimento espalhados pelo Brasil, além de contar com uma das maiores seguradoras do país, a Bradesco Seguros. Recentemente (no terceiro trimestre), o Banco passou por uma “tempestade perfeita”: o aumento vertiginoso da Selic no decorrer do último ano pressionou a margem com Tesouraria; além disso, o Banco tem uma concentração em clientes das classes C, D e E e em pequenas empresas que, devido ao atual cenário macroeconômico mais desafiador, originou uma maior provisão para devedores duvidosos; ainda, a operação com seguros também foi pressionada em seus resultados financeiros devido à deflação do IPCA no período. Como resultado, o Bradesco reportou um trimestre muito fraco de resultados, fazendo com que a ação preferencial apresentasse a segunda maior queda diária (-17,4%) desde o início do Plano Real, perdendo R$ 31 bilhões de valor de mercado em um único dia. O Banco passou a ser negociado a um múltiplo de preço sobre valor patrimonial 40% inferior ao da média histórica de 10 anos, inclusive, abaixo do valor patrimonial. Acreditamos que esta queda e níveis de valuation do banco forneçam uma margem de segurança ao investimento, dado que o Bradesco vem tomando diversas medidas para atacar esses pontos, como aumentar penetração em clientes alta renda; melhorar os níveis de inadimplência, com a maturação de novas safras de crédito com requisitos mais rigorosos; e índices menores de aprovação de novas propostas de crédito para baixa renda. Estes fatores, junto com uma estabilização da SELIC e um comportamento do IPCA mais “normalizado”, devem fazer com que o banco recomponha resultados ao longo de 2023, ao mesmo tempo em que fornece um carrego interessante de aproximadamente 5% de dividend yield.

Nos próximos meses devemos ficar atentos à proposta de reforma tributária, que será liderada por Bernard Appy, nomeado assessor especial para a reforma tributária, e a proposta de novo arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos, a qual o novo ministro da fazenda, Fernando Haddad, já disse que trará para discussão antes do que a emenda constitucional aprovada em dezembro exige, que seria até agosto de 2023.

Vokin K2 Long Biased FIA

Comentários dos Gestores

A Iochpe comunicou que foi vítima de um ataque cibernético em seu ambiente de tecnologia da informação, levando à indisponibilidade de parte de seus sistemas e operações, tanto em unidades no Brasil quanto no exterior. Diante do incidente, a Companhia tem atuado de forma diligente para recuperar os sistemas de modo gradual, acionando protocolos de controle e segurança, buscando também identificar as causas e mitigar os seus efeitos. Por consequência, a Companhia decidiu suspender a realização do seu Investor Day, antes previsto para o início de dezembro e sem data definida no momento.

A Suzano divulgou as estimativas de CAPEX para o exercício de 2023 no valor total de R$ 18,5 bilhões, dos quais R$ 8,9 bilhões são referentes ao Projeto Cerrado. Excluindo os desembolsos do Projeto, as projeções apontam para um maior CAPEX de manutenção, justificado pela inflação dos investimentos florestais, além da maior quantidade de paradas programadas nas plantas industriais para manutenção. A Suzano também contratou uma nova linha de crédito no montante de US$ 600 milhões com o IFC (International Finance Corporation) para o financiamento do Projeto Cerrado. Os encargos da operação serão da taxa “Term SOFR” + 1,60% a 1,80% pelo prazo de 8 anos, com carência de principal por pelo menos 5 anos. Por fim, a Companhia aprovou a distribuição de R$ 2,35 bilhões em dividendos, na razão bruta de R$ 1,79 por ação.

A Ser anunciou a convocação de uma AGE (Assembleia Geral Extraordinária) para deliberar a incorporação de três de suas controladas: (i) Centro de Ensino Superior Piauiense; (ii) CIESPI; e (iii) Sociedade de Ensino Superior Piauiense. A operação está alinhada com a estratégia da Companhia em simplificar e otimizar sua estrutura organizacional, possibilitando redução de custos. O Conselho da Companhia não vislumbra custos ou riscos relevantes na operação.

O Bradesco deliberou o pagamento de juros sobre o capital próprio no valor total de R$ 5,93 bilhões, sendo o valor líquido de R$ 0,49 por ação preferencial. Somando os proventos líquidos distribuídos no exercício de 2022, o Banco registrou dividend yield de 5,6% para suas ações preferenciais no período, com base na cotação de fechamento do dia 29 de dezembro.

O Carrefour comunicou que encerrou o ano de 2022 com 91 lojas inauguradas no total, das quais 59 foram conversões. Seis meses após a aquisição do Grupo BIG ter sido concluída, 48% do total de lojas a serem convertidas já foram abertas. A Companhia também destacou seu ritmo de expansão orgânica, com destaque às aberturas de lojas do Atacadão e sua entrada em novas 17 cidades de 11 estados. Para 2023, o Carrefour pretende acelerar ainda mais seu ritmo de expansão orgânica.

A Itaúsa aprovou o resgate antecipado de debêntures simples da (i) série única da 2ª emissão; e da (ii) 2ª série de 5ª emissão. Com a aprovação, os debenturistas e demais agentes foram comunicados e os valores mobiliários foram cancelados por meio do desembolso de R$ 1,9 bilhão aproximadamente. Segundo a Companhia, a decisão faz parte de sua estratégia de desalavancagem financeira, através de recursos obtidos com as recorrentes alienações de ações da XP Inc.

A Tecnisa anunciou o lançamento do empreendimento Kalea Jardins, na cidade de São Paulo. O projeto de alto padrão será composto por 27 unidades residenciais com 368 m² e um duplex na cobertura, totalizando um VGV (Valor Geral de Vendas) na ordem de R$ 380 milhões, sendo 100% de participação da Companhia.

A 3R divulgou que recebeu aprovação da ANP e concluiu a aquisição de 62,5% dos direitos de concessão do “Polo Papa Terra” para sua subsidiária “3R Offshore”, a qual possui 85% de participação e já assume a operação do ativo. O valor da transação, desconsiderados os ajustes, é de US$ 105 milhões, dos quais até US$ 90 milhões ainda deverão ser pagos em 11 parcelas, condicionadas ao preço de referência do petróleo brent e à performance operacional do ativo. Também foram desembolsados outros US$ 18,2 milhões referentes ao saldo de óleo contido no FPSO e à infraestrutura de materiais e equipamentos transferidos à 3R na operação. A participação líquida da Companhia será de 53,13% no Polo, possuindo direitos sobre 91,4 milhões de boe de suas reservas 2P (provadas + prováveis).

A Grendene recebeu um parecer favorável do TRF da 5ª região que reconhece seu direito em excluir valores correspondentes a benefícios fiscais da base de cálculo do IRPJ e CSLL. A destinação dos valores abrangidos pela decisão, assim como o momento em que será realizada, ainda estão em apuração. A Companhia tem aproximadamente R$ 2 bilhões em reservas de incentivos fiscais. A Grendene também firmou um contrato preliminar para a aquisição de 42% de participação na Geradora Solar Varzea II, visando o abastecimento de 10MW/ano em energia elétrica incentivada pelo prazo de 20 anos, a partir de 2024, caso a operação seja concluída.

Vokin Everest FIC FIM

Comentários dos Gestores

O ano de 2022 foi marcado por uma grande volatilidade nos mercados internacionais para diversas classes de ativos. Provavelmente o maior destaque, dada a sua influência sobre praticamente todos os demais ativos de risco, foi a elevação na taxa básica de juros nos Estados Unidos, que iniciou o ano perto de zero e encerrou no patamar entre 4,25% e 4,50% – maior nível dos últimos 15 anos – e valorizando o dólar frente aos seus principais pares globais. Depois de um longo período de taxas de juros muito abaixo da média histórica em diversos países desenvolvidos (inclusive com algumas taxas negativas), além dos incentivos monetários e fiscais adicionais implementados no período da pandemia, tivemos como resultado uma rápida escalada na inflação já no final de 2021, mas que se acentuou ainda mais no primeiro semestre de 2022 e que levou os Bancos Centrais a responderem via aumento de juros e retirada de estímulos.

A pressão inflacionária também teve impacto direto da guerra na Ucrânia que, além do aumento da tensão geopolítica, gerou um grande desequilíbrio em commodities energéticas e agrícolas. Esse cenário inflacionário e de elevação nas taxas de juros levou a uma deterioração das projeções de crescimento para os próximos anos em diversos países desenvolvidos, com perspectiva de recessão nos próximos meses e que levou a uma queda no ano em praticamente todos mercados acionários, com impacto mais acentuado naquelas empresas que se beneficiavam diretamente de um ambiente de juros baixos e que suas precificações consideravam perspectiva de crescimento acelerado. A China, que vinha sendo um importante vetor de crescimento econômico mundial, também teve problemas em função de uma rápida escalada nos casos de Covid a partir do segundo trimestre e que levou o governo a impor uma rigorosa política de lockdowns com impacto direto no nível de atividade econômica.

O Brasil teve um destaque relativo aos emergentes ao longo do ano pelo fato de já estar adiantado no ciclo de elevação na taxa básica de juro e entregando um nível de crescimento razoável, beneficiado, também, pelos programas assistenciais. Além dessa dinâmica interna favorável, outros importantes pares tiveram grandes problemas estruturais, como Rússia e China, deixando o Brasil como uma opção mais oportuna para investidores dedicados a países emergentes. O próprio período próximo ao das eleições presidenciais apresentou um menor nível de volatilidade nos ativos quando comparado ao de outras eleições. Porém, as perspectivas acabaram se deteriorando após as eleições à medida em que o governo eleito começou a sinalizar uma forte propensão em aumentar estruturalmente o nível de gastos públicos já para o próximo ano, prejudicando o quadro fiscal do país.

O Ibovespa encerrou o mês com queda de -2,45%, mas com alta de +4,69% no ano. No mês, tivemos abertura da curva de juros reais (representando queda de -0,19% no IMA-B, alta de +6,37% no ano) e o dólar se valorizou 1,95% frente ao real, fechando o ano com desvalorização de -5,10%.

Apesar do ano ter sido bastante desafiador, o Everest encerrou 2022 com alta de +13,25%, ante +12,37% para o CDI, ou seja, 107,1% do CDI no ano (no mês de dezembro, o fundo teve alta de +0,49% e o CDI 1,12%). As maiores contribuições positivas no ano foram dos fundos multimercado macro, com destaque para posições a favor da alta de juros em diversos países, principalmente Estados Unidos, além de posições favoráveis ao fortalecimento do dólar frente a moedas de países desenvolvidos. Os destaques positivos em dezembro foram de estratégias diversas, como o fundo que opera pares de ações long & short Ibiúna STLS (+4,12% no mês), do quantitativo Kadima High Vol (+1,96%) e do fundo de arbitragem de juros Quantitas Arbitragem (+1,63%). Os piores desempenhos ficaram por conta do fundo direcional em ações GBV Aconcágua (-5,05%), do fundo de ações long biased IP Value Hedge (-1,66%) e do quantitativo Giant Sigma (-0,96%). No mês foi feita apenas uma mudança na carteira, o resgate total do fundo Absolute Alpha Global, estratégia que, apesar de sua descorrelação com o restante da carteira, vinha apresentando resultados aquém do esperado.

O Everest permanece com uma carteira diversificada e com capacidade de gerar retornos positivos independentemente do cenário macroeconômico. Apesar disso, estamos constantemente atentos às novas oportunidades ou eventuais ajustes na carteira. Inclusive, encerramos o ano com o maior nível de caixa em praticamente quatro anos. Agradecemos aos coinvestidores pela confiança e que tenhamos todos um excelente 2023.

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