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Carta 172Maio 2019

Comentário do gestor

Prezados Coinvestidores,

Nossos Fundos de Ações Vokin GBV Aconcágua e Vokin K2 sobem 16,37% e 15,48% no ano. No mesmo período o Ibovespa sobe +10,40%.

Nosso Fundo Multimercado Vokin Everest sobe +3,69% no ano, 142% do CDI acumulado de 2,59% no período.

A inflação acumulada em 2019, até 15 de maio (IPCA-15), está em 2,27% – e deve terminar o ano dentro da meta do Banco Central, de 4,25%. A bandeira verde nas contas de luz, a queda no preço da gasolina e diesel e a queda nos preços de alimentos devem ajudar a manter a inflação baixa neste ano.

A taxa básica de juros permanece inalterada em 6,5% ao ano, com aumento da pressão por reduzi-la, já que a inflação está controlada e a economia estagnada, mesmo depois de anos de recessão.

O principal assunto do momento é a Reforma da Previdência, que precisa e deve ser aprovada o mais rápido possível.

Dias atrás nós lemos no Valor Econômico um artigo muito interessante, escrito por Alexandre da Silva, Nelson Paes e Adhemar Neto, sobre algumas verdades da Reforma, que achamos por bem compartilhar alguns trechos aqui:

  1. Em 2018, de cada R$ 100,00 das receitas do governo federal, cerca de R$ 73,00 foram destinados para honrar suas despesas com pessoal e beneficiários dos regimes previdenciários público dos servidores e dos empregados privados. Restou apenas R$ 27,00 para saúde, educação, segurança e outras meritórias despesas públicas. Como o governo apresenta uma dívida de 80% do PIB, seria necessário utilizar parte desses R$27,00 para pagar os juros e amortização da dívida pública, o que não foi possível. Pelo quarto ano consecutivo, algo inédito nos últimos 30 anos, o governo federal não conseguiu economizar para pagar juros da dívida, incorrendo em déficit primário, o que só aumenta o endividamento;
  2. O elevado comprometimento das receitas com as despesas de pessoal ativo e beneficiários previdenciários é crescente, dificultando ano-a-ano o governo federal de cumprir com suas funções básicas. Em 2012, o comprometimento das receitas para ativos e inativos era de 55%. Em 2019, está perto de 75%;
  3. Analisando 15 das maiores empresas do Brasil, o gasto com pessoal e previdência teve média de 12,87% sobre a receita em 2017, e 12,20% em 2018, o que demonstra a discrepância com os números do governo.
  4. Em 2018, cada um dos servidores civis inativos federais recebeu, em média, R$ 106.543,00, enquanto no regime dos empregados privados (o Regime Geral da Previdência Social – RGPS), a média de recebimento foi de, aproximadamente, R$ 19.575,00. Em outras palavras, a média de recebimentos dos inativos civis do governo federal foi 5,4 vezes maior que a do setor privado;
  5. A partir de dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad), foi simulado o efeito da atual proposta previdenciária sobre a desigualdade da pobreza. Os resultados encontrados mostram que a aprovação de tal reforma propiciaria uma redução de desigualdades, diminuindo o índice de Gini em 0,61% e que o novo Benefício de Prestação Continuada (BPC) faria encolher a proporção de pobres, o hiato e a severidade da pobreza em 2,17%, 5,94% e 9,16%, respectivamente.
  6. Se a reforma for aprovada e o governo transferir R$ 10,7 bilhões de economia anual obtida para incrementar o Bolsa Família, as desigualdades se reduziriam ainda mais.

Estamos num momento em que 2 em cada 3 brasileiros estão conscientes a respeito da necessidade de alterações nas regras para se aposentar, mas a Re-forma ainda é rejeitada por 51% da população (pesquisa Datafolha de abril). Isto demonstra a supremacia do interesse individual (que dificulta abrir mão da expectativa de um direito) sobre o coletivo (viabilizar o país). Se o país não for viável, faltará dinheiro para a Previdência e para tudo mais.

É importante que a Reforma passe logo a fim de viabilizar as contas públicas, voltar a confiança das pessoas, empresários e investidores. Há mais para ser feito, mas esta Reforma é a mais importante neste momento.

Acreditamos que, passando a Reforma da Previdência em junho ou julho, pode-remos ter melhora na economia, queda na taxa de juros e valorização das em-presas locais, o que beneficiaria nossos fundos.

O Brasil ainda tem jeito, mas precisamos rapidamente começar a reformar o que está comprometendo o nosso futuro.

Muito obrigado pela confiança e por estarem junto conosco!

Economia

Nossos desafios

Ao encerrar os dados econômicos do primeiro trimestre do ano, com alguns países já tendo divulgado até os resultados de abril e maio, podemos ter uma visão mais clara dos principais desafios que se desenham para o Brasil nos próximos meses. Analisando o cenário internacional podemos ver que o crescimento mundial ainda continua robusto, sendo liderado pelo bom desempenho das duas maiores economias: a China com +1,4% sobre o 4º trimestre de 2018, e os EUA com +0,78% para o mesmo período. Destaca-se que esse resultado para os EUA surpreende exatamente pelo fato de que todos esperavam um arrefecimento do PIB por conta dos efeitos do shutdown (paralização do funcionamento de diversos dos serviços públicos que ocorreu parcialmente em janeiro). Outros países que tiveram resultado igualmente significativo foram Índia (1,6%), Hong Kong (1,3%), Russia (0,8%), Espanha (0,7%), Japão (0,5%), UK (0,5%), Portugal (0,5%), Alemanha (0,42%) e França (0,3%). Apenas para lembrar, no México tivemos um PIB de -0,17% e no Brasil de -0,2% para a mesma base de comparação. Vale destacar que já estamos, desde o último trimestre de 2018, com a majoração das tarifas de produtos entre EUA e China dentro do que se convencionou denominar de “Guerra Comercial” e, mesmo assim, a perspectiva de crescimento do PIB mundial se mantem em 3,3% para 2019 e 3,6% para 2020. É claro que os primeiros movimentos nesse sentido foram mais tímidos, com os EUA impondo tarifas sobre um total importado da China de US$ 50 bilhões, mesmo valor tarifado pelo lado Chinês, e que os movimentos que vieram depois, em especial no último mês, devem dar novos contornos para a “Guerra Comercial” pois acrescenta outros US$ 250 bilhões na lista de produtos tarifados. Esse, sim, tem um maior potencial de causar danos ao crescimento mundial e se desenhando como o principal desafio para o Brasil. Primeiro porque deve afetar a confiança dos agentes econômicos com efeitos sobre ativos como moedas, juros e ações e, segundo, porque pode afetar parte da cadeia produtiva que atua no comércio internacional. Porém, as estimativas aqui dão conta que uma nova rodada de majoração de alíquotas de ambos países deve produzir impacto maior apenas em 2021 e limitado a 0,6% do PIB mundial. Ou seja, no pior cenário, ao invés do mundo crescer 3,6% em 2020 e 2021, essa taxa seria de 3%, com efeitos negativos concentrados nos EUA e China. Outro vetor importante nesse cenáVokin Investimentos | Maio de 2019 rio e que poderia tirar parte do ímpeto de crescimento mundial é a taxa de juros americana mais elevada. Ainda faltam, em 2019, cinco reuniões do FOMC – Comitê de Política Monetária que decide sobre o nível de juros – e a próxima está agendada para 18-19 de junho. Até esse momento, o sentimento de mercado é que os juros fiquem no intervalo 2,25 – 2,50, colocando menos risco no cenário para Brasil. Além disso, temos uma compensação desses juros maiores nos EUA que vem do Banco Central Europeu, que mantém juros em 0% e ainda anunciou novos programas de “quantitative easing” para ajudar a economia dos países da região. Faltaria ainda complementar o cenário de risco internacional com o Brexit. Os dados mostram que a economia do Reino Unido está em ligeira desaceleração, com o PIB de 2019 se encerrando em 1,2%, abaixo dos 1,8% de 2016. Por outro lado, a inflação segue comportada, dentro da meta, e a taxa de desemprego está em queda, tendo atingido os 3,9%, menos que os 4,9% de 2016. As negociações para a saída do UK da União Europeia ainda seguem, e as regras de relação pós saída – no que diz respeito a movimento de mão-de -obra, investimento e comércio – ainda não foram acertadas. O fato é que estamos diante de um processo de transição que ainda deve perdurar até 2020 e, na medida em que avança o tempo, mais suave essa transição fica. Em resumo, esses são os três principais fatores de risco que se desenham no cenário internacional nesse momento para o Brasil. Quando voltamos o olhar para o mercado doméstico podemos ver que, apesar do nosso destino estar nas nossas mãos, ele é mais desafiador. Veja que nesse primeiro trimestre andamos na contramão do mundo, com o PIB se retraindo. Somente esse resultado é o suficiente para mostrar que estamos em um momento com dificuldades próprias. Não é o mundo que nos empurra para baixo, são nossos defeitos como economia e organização social. Estamos parados há quatro anos, pagando a conta da má gestão do passado e ainda sem conseguir enxergar a luz no fim do túnel. A curva que nos impede de ver essa luz tem até nome: Reforma da Previdência. Não é ela que vai nos tirar do túnel, mas vai permitir enxergar o caminho. Quanto mais cedo a aprovarmos, mais rápido podemos criar as condições para atrair novamente os investimentos e todos os efeitos multiplicadores. E o mês de junho será decisivo para isso.

Vokin GBV Aconcágua

Comentários dos Gestores

No mês de maio o FIC FIA Vokin GBV Aconcágua fechou com valorização de 2,93%, enquanto o Ibovespa teve alta de 0,70%.

Apesar da turbulência do mês, este foi o primeiro maio em dez anos que o Ibovespa mostrou ganhos. No cenário externo, vimos um retro-cesso na guerra comercial EUA x China e, agora, ambos os países estão às voltas com o aumento de tarifas de importações um do outro – a China anunciou sua retaliação sobre diversos produtos americanos (cerca de US$ 60 bi) a partir de 1º de junho. A bolsa americana caiu no mês, como consequência.

No Brasil, a quebra do sigilo do Flávio Bolsonaro e os protestos de estudantes após contingenciamento de recursos para Educação fizeram a Bolsa cair abaixo dos 90 mil pontos. No entanto, as manifestações que vieram na sequência a favor do governo Bolsonaro, defendendo a reforma da previdência e contra o “centrão” – que tenta barganhar cargos e ministérios no governo – fizeram os políticos se mexerem. Maia se afastou do bloco de centro e procurou compor com outros parlamentares, mostrando que os protestos tiveram efeito. Diversas medidas provisórias que estavam para caducar foram votadas após carta emitida pelos três poderes selando um acordo. E o mais importante: os principais veículos que acompanham as intenções de voto dos deputados mostraram um incremento relevante entre os que aprovam total ou parcial-mente a proposta do governo para a previdência.

Em maio, visitamos a Schulz, empresa importante do nosso portfólio há mais de três anos e que já se valorizou mais de 200% desde que começamos a comprá-la. Seguindo nosso processo de investimentos, visitamos periodicamente as empresas que investimos. Nesta terceira vez que fomos à Joinville visitar as instalações fabris da Schulz, confirmamos nossa confiança na gestão do negócio e na qualidade dos resultados da companhia. A divisão automotiva cresceu muito nos últimos anos, principalmente ganhando participação de mercado em cima de concorrentes que estavam em situação financeira delicada durante a crise de 2015/2016. O market share no mercado de peças de segurança (denominação que dão às peças usinadas para sistemas mecânicos de caminhões e máquinas agrícolas) subiu de 20% para 35% nos últimos três anos. Como já operam em três turnos, estão ampliando a capacidade da fábrica em mais 25%. A empresa teve um desempenho fantástico no período recente mesmo com sua divisão de compressores tendo sofrido com a queda deste mercado no Brasil. Ainda assim, fizeram investimentos em automação nessa área e ampliaram sua fábrica na China. Acreditamos que, quando o país retomar o cresci-mento e os setores industrial e de construção civil voltarem a operar em patamares normais, esse segmento não só contribuirá para um aumento ainda maior da receita como também para uma retomada da margem operacional agregada da empresa para patamares mais próximos ao operado antes da crise. Portanto, continuamos otimistas com o case e acreditando na excelência operacional da Schulz.

Estamos otimistas também com os próximos meses, em que finalmente a previdência deve ser votada na câmara e, em nossa opinião, aprovada com economia relevante.

Vokin K2 Long Biased FIA

Comentários dos Gestores

Em maio, estes foram os principais fatos ou comunica-dos ao mercado das empresas dos Fundos:

MINERVA: postergou a Oferta Pública Inicial de ações de sua subsidiária Athena Foods na Bolsa de Valores de Santiago (Chile) como efeito das recentes condições adversas no mercado global.

GRAZZIOTIN: teve reconhecido seu direito creditório decorrente da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. A companhia irá requerer o levantamento dos depósitos judiciais vinculados cujo valor aproximado corrigido é de R$ 62 milhões.

VIA VAREJO: propôs a retirada de uma cláusula do estatuto social, conhecida como poison pill, que exige de quem atinge quantidade igual ou superior a 20% das ações a necessidade de realizar uma Oferta Pública de Ações, tornando mais fácil para que os controla-dores possam vender participação na empresa varejista.

SANEPAR: divulgou o novo reajuste nas contas de água e esgoto em 8,37%, após o reajuste anterior de 12,13%, aprovado pelo órgão regulador, ser suspenso pelo TCE do Paraná.

PÃO DE AÇÚCAR: informou que a BlackRock Inc. alcançou 10,04% do total de ações preferenciais emiti-das pela companhia.

Vokin Everest FIC FIM

Comentários dos Gestores

Seguindo a tendência dos últimos meses, em maio novamente tivemos bastante volatilidade nos mercados, desta vez com impactos tanto do mercado internacional quanto local. A evolução das negociações comerciais entre Estados Unidos e China se deteriorou com uma postura mais agressiva do presidente Donald Trump, o que voltou a agravar o cenário de desaceleração da economia global. Essa perspectiva de crescimento mais fraco tem, inclusive, aberto a possibilidade de redução nas taxas de juros dos países desenvolvidos ainda este ano, principalmente por parte do banco central norte-americano.

No Brasil, segue a trajetória de queda no nível de atividade, desemprego elevado e inflação relativamente estável. Apesar disso, as atenções do mercado permanecem voltadas para a capacidade de coordenação política em torno da reforma da previdência, que nas últimas duas semanas parece ter aumentado sua expectativa de aprovação principalmente pela redução nos problemas de comunicação do presidente e seu grupo de apoio. Com relação ao desempenho mensal dos principais indicadores locais, a bolsa, apesar de ter atingido queda de mais de 6% ao longo do mês, acabou encerrando com pequena alta (Ibovespa com +0,70%), dólar em queda contra o real (-0,12% no mês) e forte fechamento das taxas de juros reais (levando à alta de +3,66% no IMA-B).

O fundo Everest encerrou o mês com alta de 0,84%, ante 0,54% do CDI, acumulando no ano rentabilidade de 3,69%, ante 2,59% do CDI. Os melhores resultados mensais foram dos fundos Exploritas Alpha (+3,36% no mês), GBV Aconcágua (+2,93%) e SPX Raptor (+2,79%). Entre os fundos de pior desempenho estão IP Value Hedge (-1,80%), Kadima High Vol (-1,15%) e Kapitalo Zeta (-0,51%).

Em maio foi feita apenas uma alteração na carteira do Everest, com a alocação inicial no fundo Pandhora: trata-se de um fundo multimercado quantitativo que opera atualmente com 20 estratégias sistemáticas em ativos domésticos e internacionais, e que, apesar de seu histórico relativamente recente, tem demonstrado resultados consistentes e de baixa correlação com os demais fundos em carteira. Os fundos Pandhora e Kadima High Vol compõem a alocação exclusivamente quantitativa por parte do Everest, mas que ainda possuem participação relativamente baixa (aproximadamente 3% do total).

A reforma da previdência inicia sua fase mais importante antes do inicio das votações na câmara, com a perspectiva de aprovação do relatório da reforma na Comissão Especial ainda na primeira quinzena do mês de junho. Apesar disso, ainda há bastante incerteza sobre as condições de votação em primeiro turno antes do recesso parlamentar e quão diluída será a reforma sobre a proposta inicial, o que ainda deve trazer volatilidade para os ativos no país. De maneira geral, seguimos observando uma postura mais cautelosa por parte dos gestores, optando por evitar grandes posições estruturais dado esse cenário de incerteza sobre a reforma e agravamento do cenário internacional. O bom desempenho do fundo no mês, que foi marcado por uma grande oscilação nos preços, porém sem uma tendência definida, demonstra a capacidade de agregar resultados com uma carteira equilibrada e diversificada.

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